ANA
ASTROLOGIA CLÁSSICA
& VIDA MODERNA
Na tradição astrológica existem práticas que não se sustentam na lógica clássica. Não se trata de simples proibições, mas de coerência filosófica e ética diante do modo como a astrologia tradicional compreende o destino humano.

1. Relocação do mapa natal
O mapa de nascimento é único, pois corresponde ao instante em que a alma, ao descer pelas esferas planetárias, adentra o mundo terreno em um lugar e tempo determinados. Esse marco é definitivo: nele está inscrita a assinatura da vida pelas águas do destino. Relocar o mapa natal quando a pessoa muda de cidade é, portanto, uma distorção da própria lógica tradicional. Algumas das principais técnicas de cronografia como as profecções e direções, têm como base o ascendente e esse momento inaugural, dependem  e não podem ser reconstruídas em outro lugar. O que pode ser relocado, legitimamente, é a Revolução Solar, pois esta descreve as condições específicas de cada ano e pode, de fato, variar conforme o local onde a pessoa se encontra.

2. Escolha de cidade para o aniversário
A prática de viajar para “melhorar” o mapa da Revolução Solar segue a mesma incongruência. Ao buscar uma cidade que ofereça um mapa mais favorável, cria-se uma confusão conceitual: tenta-se tratar a Revolução Solar como se fosse uma carta eletiva. No entanto, a astrologia natal e a eletiva pertencem a campos distintos, com finalidades e delineamentos próprios. Misturá-los de forma indiscriminada gera uma espécie de bricolagem incoerente, que não respeita a natureza de cada ramo. A Revolução Solar deve ser calculada para o lugar onde a vida efetivamente se desenrola, pois é nesse espaço que os símbolos se concretizam.

A ética da astrologia tradicional, portanto, nos recorda de que o destino não se contorna por expedientes artificiais, mas se revela a partir do tempo e lugar originais do nascimento. O mapa natal é um selo intransferível, e a verdadeira sabedoria consiste em compreender seus símbolos e ritmos, não em buscar atalhos que distorcem sua ordem.

As mudanças vividas não são extraordinárias, são os reflexos do próprio barco da vida. 

O destino é imutável, mas podemos chegar a ele por caminhos variados.
Na tradição astrológica existem práticas que não se sustentam na lógica clássica. Não se trata de simples proibições, mas de coerência filosófica e ética diante do modo como a astrologia tradicional compreende o destino humano. 1. Relocação do mapa natal O mapa de nascimento é único, pois corresponde ao instante em que a alma, ao descer pelas esferas planetárias, adentra o mundo terreno em um lugar e tempo determinados. Esse marco é definitivo: nele está inscrita a assinatura da vida pelas águas do destino. Relocar o mapa natal quando a pessoa muda de cidade é, portanto, uma distorção da própria lógica tradicional. Algumas das principais técnicas de cronografia como as profecções e direções, têm como base o ascendente e esse momento inaugural, dependem e não podem ser reconstruídas em outro lugar. O que pode ser relocado, legitimamente, é a Revolução Solar, pois esta descreve as condições específicas de cada ano e pode, de fato, variar conforme o local onde a pessoa se encontra. 2. Escolha de cidade para o aniversário A prática de viajar para “melhorar” o mapa da Revolução Solar segue a mesma incongruência. Ao buscar uma cidade que ofereça um mapa mais favorável, cria-se uma confusão conceitual: tenta-se tratar a Revolução Solar como se fosse uma carta eletiva. No entanto, a astrologia natal e a eletiva pertencem a campos distintos, com finalidades e delineamentos próprios. Misturá-los de forma indiscriminada gera uma espécie de bricolagem incoerente, que não respeita a natureza de cada ramo. A Revolução Solar deve ser calculada para o lugar onde a vida efetivamente se desenrola, pois é nesse espaço que os símbolos se concretizam. A ética da astrologia tradicional, portanto, nos recorda de que o destino não se contorna por expedientes artificiais, mas se revela a partir do tempo e lugar originais do nascimento. O mapa natal é um selo intransferível, e a verdadeira sabedoria consiste em compreender seus símbolos e ritmos, não em buscar atalhos que distorcem sua ordem. As mudanças vividas não são extraordinárias, são os reflexos do próprio barco da vida. O destino é imutável, mas podemos chegar a ele por caminhos variados.
2 dias ago
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Na astrologia tradicional, duas figuras se destacam quando buscamos compreender a força que governa a vida e o destino de um nativo: o regente do Ascendente e o Almuten Figuris. Embora ambos sejam centrais, eles cumprem papéis distintos.

O Regente do Ascendente
O regente do Ascendente é o planeta que governa o signo que se levanta no horizonte no momento do nascimento. Ele é considerado o significador primário da vida e do corpo. Representa o modo como o nativo se manifesta no mundo, sua vitalidade imediata e a condução básica da vida. Tecnicamente, sua análise leva em conta:

A força essencial do planeta (se está em domicílio, exaltação, detrimento, queda).
A força acidental (posição por casa, movimento, aspectos recebidos).

Na prática, ele mostra “a maneira como a vida é conduzida” e a energia fundamental que permeia o destino.

O Almuten Figuris
Já o Almuten Figuris é um conceito mais amplo. Ele é determinado pelo cálculo da pontuação de dignidades essenciais dos cinco pontos mais vitais do mapa: Ascendente, Sol, Lua, Parte da Fortuna e o grau da conjunção ou oposição precedente (segundo a tradição árabe). O planeta que obtiver maior soma de dignidades é chamado Senhor da Figura.

Na prática, enquanto o regente do Ascendente tem um vínculo direto e evidente com o corpo e a vida física, o Almuten Figuris reflete o governante espiritual e existencial da natividade. Ele é quem possui o maior direito de governo sobre o todo do mapa, sendo um significador de destino, propósito e condução geral da alma.

O regente do Ascendente mostra como a vida se move no plano concreto e corporal. O Almuten Figuris, por outro lado, revela quem, de fato, “manda” no mapa, indicando a direção espiritual e a força interior que orienta o destino. 

#astrologia #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
Na astrologia tradicional, duas figuras se destacam quando buscamos compreender a força que governa a vida e o destino de um nativo: o regente do Ascendente e o Almuten Figuris. Embora ambos sejam centrais, eles cumprem papéis distintos. O Regente do Ascendente O regente do Ascendente é o planeta que governa o signo que se levanta no horizonte no momento do nascimento. Ele é considerado o significador primário da vida e do corpo. Representa o modo como o nativo se manifesta no mundo, sua vitalidade imediata e a condução básica da vida. Tecnicamente, sua análise leva em conta: A força essencial do planeta (se está em domicílio, exaltação, detrimento, queda). A força acidental (posição por casa, movimento, aspectos recebidos). Na prática, ele mostra “a maneira como a vida é conduzida” e a energia fundamental que permeia o destino. O Almuten Figuris Já o Almuten Figuris é um conceito mais amplo. Ele é determinado pelo cálculo da pontuação de dignidades essenciais dos cinco pontos mais vitais do mapa: Ascendente, Sol, Lua, Parte da Fortuna e o grau da conjunção ou oposição precedente (segundo a tradição árabe). O planeta que obtiver maior soma de dignidades é chamado Senhor da Figura. Na prática, enquanto o regente do Ascendente tem um vínculo direto e evidente com o corpo e a vida física, o Almuten Figuris reflete o governante espiritual e existencial da natividade. Ele é quem possui o maior direito de governo sobre o todo do mapa, sendo um significador de destino, propósito e condução geral da alma. O regente do Ascendente mostra como a vida se move no plano concreto e corporal. O Almuten Figuris, por outro lado, revela quem, de fato, “manda” no mapa, indicando a direção espiritual e a força interior que orienta o destino. #astrologia #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
1 semana ago
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Todo mundo celebrando a conjunção Vênus–Júpiter em Câncer 🌟💧… mas vale lembrar que ela aconteceu com a Lua fora de curso e, logo depois, a Lua ingressando em Áries e se aproximando de Saturno. Nenhum evento celeste é isolado na astrologia.

Esse cenário costuma indicar excessos, precipitações e até problemas ligados à água.

Ontem, um seguidor contou que, no trabalho dele, um reservatório estourou e quase queimou as bombas, e a conjunção ocorreu em trânsito na casa VI. No meu caso, o “mar” veio em forma de papel: um boleto de 20 mil reais caiu na minha conta — e não, não era um presente do céu, e sim erro da empresa. 😅

Nem sempre o brilho vem sem respingos…

#astrología #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
Todo mundo celebrando a conjunção Vênus–Júpiter em Câncer 🌟💧… mas vale lembrar que ela aconteceu com a Lua fora de curso e, logo depois, a Lua ingressando em Áries e se aproximando de Saturno. Nenhum evento celeste é isolado na astrologia. Esse cenário costuma indicar excessos, precipitações e até problemas ligados à água. Ontem, um seguidor contou que, no trabalho dele, um reservatório estourou e quase queimou as bombas, e a conjunção ocorreu em trânsito na casa VI. No meu caso, o “mar” veio em forma de papel: um boleto de 20 mil reais caiu na minha conta — e não, não era um presente do céu, e sim erro da empresa. 😅 Nem sempre o brilho vem sem respingos… #astrología #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
2 semanas ago
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Ao falar de profissão e ganhos, um padre, um pastor ou mesmo um professor de yoga deveriam ser considerados pela casa 9 ou pela casa 10 do mapa natal?

No mundo contemporâneo, essa distinção tornou-se menos rígida do que era no passado. A casa 10 está tradicionalmente associada à atividade profissional, à função social visível e ao exercício de um ofício reconhecido, seja por meio de vínculo com uma instituição, seja pela gestão do próprio negócio. Já a casa 11, nesse contexto, representa os frutos e os ganhos obtidos a partir dessa atuação. 

A casa 9, por sua vez, está vinculada ao sacerdócio, à transmissão de conhecimentos religiosos, filosóficos ou espirituais, e ao trabalho entendido como missão ou vocação, mais do que como profissão formal.

Assim, um sacerdote, padre, pastor ou oraculista, quando atua estritamente em seu papel situa-se simbolicamente na casa 9, enquanto a casa 10 indicaria, nesse caso, a forma e o volume do retorno material que recebe por esse serviço. A Igreja Católica, por exemplo, não remunera seus padres com salário, mas com a chamada côngrua. Esse raciocínio também se aplica a tarólogos, astrólogos e místicos que exercem prioritariamente a função de guias espirituais.

Entretanto, no mundo atual, essas fronteiras nem sempre são tão nítidas. Para o Ministério do Trabalho, “astrólogo” é uma profissão formal, assim como “terapeuta holístico”. Muitos desses profissionais atuam em empresas — escrevendo para jornais, revistas e portais, terapeutas trabalhando em hospitais, clínicas ou espaços holísticos — e, além disso, podem registrar-se como Microempreendedores Individuais (MEI), tornando-se empreendedores na prática, com CNPJ e enquadramento tributário. Nessa condição, do ponto de vista da interpretação astrológica, a atuação aproxima-se muito mais da casa 10, pois adquire caráter empresarial.

Em última análise, é o contexto que determina a abordagem correta. É fundamental compreender de que maneira a função é exercida, em qual ambiente e com que finalidade. Só assim é possível aplicar o simbolismo das casas com precisão, respeitando a realidade concreta do consulente.

#astrología #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
Ao falar de profissão e ganhos, um padre, um pastor ou mesmo um professor de yoga deveriam ser considerados pela casa 9 ou pela casa 10 do mapa natal? No mundo contemporâneo, essa distinção tornou-se menos rígida do que era no passado. A casa 10 está tradicionalmente associada à atividade profissional, à função social visível e ao exercício de um ofício reconhecido, seja por meio de vínculo com uma instituição, seja pela gestão do próprio negócio. Já a casa 11, nesse contexto, representa os frutos e os ganhos obtidos a partir dessa atuação. A casa 9, por sua vez, está vinculada ao sacerdócio, à transmissão de conhecimentos religiosos, filosóficos ou espirituais, e ao trabalho entendido como missão ou vocação, mais do que como profissão formal. Assim, um sacerdote, padre, pastor ou oraculista, quando atua estritamente em seu papel situa-se simbolicamente na casa 9, enquanto a casa 10 indicaria, nesse caso, a forma e o volume do retorno material que recebe por esse serviço. A Igreja Católica, por exemplo, não remunera seus padres com salário, mas com a chamada côngrua. Esse raciocínio também se aplica a tarólogos, astrólogos e místicos que exercem prioritariamente a função de guias espirituais. Entretanto, no mundo atual, essas fronteiras nem sempre são tão nítidas. Para o Ministério do Trabalho, “astrólogo” é uma profissão formal, assim como “terapeuta holístico”. Muitos desses profissionais atuam em empresas — escrevendo para jornais, revistas e portais, terapeutas trabalhando em hospitais, clínicas ou espaços holísticos — e, além disso, podem registrar-se como Microempreendedores Individuais (MEI), tornando-se empreendedores na prática, com CNPJ e enquadramento tributário. Nessa condição, do ponto de vista da interpretação astrológica, a atuação aproxima-se muito mais da casa 10, pois adquire caráter empresarial. Em última análise, é o contexto que determina a abordagem correta. É fundamental compreender de que maneira a função é exercida, em qual ambiente e com que finalidade. Só assim é possível aplicar o simbolismo das casas com precisão, respeitando a realidade concreta do consulente. #astrología #astrologiaclassica #anarodrigues_astrologa
2 semanas ago
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Marcus Manilius foi um poeta romano que escreveu sobre astrologia em latim, por volta do século 1ºdC. Devido a uma perda dos textos de fonte anteriores, seu livro Astronomica é o livro mais antigo sobre Astrologia Helenista sobreviveu, em grande parte intacta, para o tempo presente.

Mesmo que Manilius  seja uma das fontes mais antigas sobreviventes para obter informações sobre a prática, e as técnicas da Astrologia Helenista, em diversas áreas, sua abordagem é incomum quando comparada a outros astrólogos daquele período. Isto conduziu a alguns debates sobre a confiabilidade de Manílius como fonte para a compreensão da prática da Astrologia Helenista.

Por exemplo, praticamente todos os astrólogo do século 1º até século VII relatam que Vênus alegra-se na quinta casas e Saturno na 12, mas Manilius é o único autor que diz Vênus se alegrar na casa 10 e Saturno na casa 4 (Astronomica , 2: 918-938). Não está claro se isto seria uma variante de tradução, ou se esta variação foi introduzida pelo próprio Manilius, por razões desconhecidas, embora podemos dizer que astrólogos subsequentes pareciam ignorar a versão de Manílius das alegrias planetárias.

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Outro fator notável em Astronomica, é que Manilius não aborda as significações dos planetas.

Enquanto isso possa simplesmente indicar que algo esteja faltando nos manuscritos, em alguns casos Manílius parece  se esquivar do uso dos planetas para evitar utilizá-los em situações onde teriam outra forma normalmente empregada, por exemplo, a atribuição dos decanos. Ao invés de planetas, ele atribui signos do Zodíaco a cada decano (Astronomica, 4: 294-407). Volk se refere a esta questão como “quebra-cabeça dos planetas” e sugere que Manilius pode ter ignorado os planetas por razões religiosas ou filosóficas propositadamente.

A tradução mais comum de Astronomica foi realizada pela Harvard University Press em 1977.

 

Fonte: Brennan, Chris – Hellenistic Asrology – The study of fate and fortune. -Amor Fati Publications

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